domingo, 27 de junho de 2010

Desencarnação

A existência terrena é delimitada por dois extremos:
O nascimento e a morte.
O primeiro corresponde à chegada do Espírito no plano físico.
Os homens preocupam-se muito com esse instante.
Enxovais são preparados, quartos são arrumados, as famílias se engalanam para receber seus novos membros.
Isso é bom e correto, pois o ressurgimento na esfera carnal constitui uma bendita oportunidade de trabalho e progresso para aquele que nasce e para a família que o recebe.
Em geral, não se trata exatamente de um novo membro, mas de um antigo e querido companheiro de lutas que retorna.
Já o que se chama morte é o retorno do Espírito ao seu ambiente de origem.
Todo homem é um Espírito que habita temporariamente um corpo.
O organismo físico se desgasta, envelhece, adoece e morre.
Mas o Espírito vive e evolui para sempre.
A verdadeira pátria corresponde ao plano espiritual.
Toda existência terrena é eminentemente transitória.
Estranhamente, ao contrário do que se dá com o nascimento, em regra há pouco preparo para o fenômeno da morte, ou desencarnação, como chamamos.
Esse tema é envolto em tabus e fantasias, como se não fosse algo natural.
E constitui um fato inexorável.
Toda criatura, mais cedo ou mais tarde, verá seu corpo físico perecer.
Não há providência possível contra isso.
Por ser um fenômeno natural, deve ser tratado com naturalidade e calma.
Como todos morrerão um dia, nenhuma separação é definitiva.
O ente querido que morre apenas retorna antes ao verdadeiro lar.
Embora se trate de algo natural, isso não implica negar a sua gravidade.
Ao nascer, o Espírito traz uma programação de vida, voltada ao seu progresso e burilamento.
Ao término da existência, ele faz um balanço de seu comportamento, de suas vitórias e fracassos.
O momento do encontro com a própria consciência pode ser terrível ou maravilhoso.
Tudo depende do comportamento adotado durante a existência terrena.
O corpo físico amortece enormemente as percepções e os sentimentos do Espírito.
Após a desencarnação, tudo se torna muito mais vívido.
A alegria de um Espírito pelo dever bem cumprido possui uma intensidade inimaginável para quem permanece vinculado à matéria.
Mas também o remorso e a vergonha que experimenta por erros cometidos atingem proporções lancinantes.
A ingenuidade humana muitas vezes afirma que a pessoa  descansa ou se liberta ao morrer.
Mas é difícil avaliar o que significa esse pretenso descanso para quem se permitiu semear dores e misérias na vida alheia.
Do mesmo modo, quem gastou o tempo enredando-se em vícios e maldades não experimenta qualquer libertação ao término da existência.
Quem morre não vai para o céu e nem para o inferno.
O céu e o inferno são estados de consciência, que cada qual cria para si com o próprio proceder.
A cada um conforme as suas obras, disse o Mestre Divino.
A lição é cristalina e não permite enganos.
O fenômeno da morte é natural, mas muito grave.
Ele constitui um momento de balanço, de aferição de méritos ou deméritos.
Assim, importa tratar do tema com serenidade e maturidade.
Não há qualquer milagre ou favor envolvido.
Para passar com tranqüilidade por esse momento, importa viver reta e dignamente.
Pense nisso.

 

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 30 do livro Para uso diário, do Espírito Joanes, psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter.

sábado, 19 de junho de 2010

Repensar

Que Deus não permita que eu perca o
ROMANTISMO, mesmo sabendo
que as rosas não falam...

Que eu não perca o OTIMISMO, mesmo
sabendo que o futuro que nos espera
pode não ser tão alegre...

Que eu não perca a VONTADE DE
VIVER, mesmo sabendo que a vida é,
em muitos momentos, dolorosa...

Que eu não perca a vontade de TER
GRANDES AMIGOS, mesmo sabendo
que, com as voltas do mundo, eles
acabam indo embora de
nossas vidas...

Que eu não perca a vontade de AJUDAR
AS PESSOAS, mesmo sabendo que
muitas delas são incapazes de ver,
reconhecer e retribuir, esta ajuda...

Que eu não perca o EQUILÍBRIO,
mesmo sabendo que inúmeras
forças querem que eu caia...

Que eu não perca a VONTADE
DE AMAR, mesmo sabendo que a
pessoa que eu mais amo pode
não sentir o mesmo sentimento
por mim...

Que eu não perca a LUZ E O BRILHO
NO OLHAR, mesmo sabendo que
muitas coisas que verei no mundo
escurecerão meus olhos...

Que eu não perca a GARRA, mesmo
sabendo que a derrota e a perda são
dois adversários extremamente
perigosos...

Que eu não perca a RAZÃO, mesmo
sabendo que as tentações da vida
são inúmeras e deliciosas...

Que eu não perca o SENTIMENTO
DE JUSTIÇA, mesmo sabendo que
o prejudicado possa ser eu...

Que eu não perca o meu FORTE
ABRAÇO, mesmo sabendo que um
dia meus braços estarão fracos...

Que eu não perca a BELEZA E A
ALEGRIA DE VER, mesmo sabendo
que muitas lágrimas brotarão dos
meus olhos e escorrerão
por minha alma...

Que eu não perca o AMOR POR MINHA
FAMÍLIA, mesmo sabendo que ela
muitas vezes me exigiria esforços
incríveis para manter a sua
harmonia...

Que eu não perca a vontade de DOAR
ESTE ENORME AMOR que existe em
meu coração, mesmo sabendo que
muitas vezes ele será submetido
e até rejeitado...

Que eu não perca a vontade de SER
GRANDE, mesmo sabendo que o
mundo é pequeno...


E acima de tudo...

 

Que eu jamais me esqueça que
DEUS ME AMA INFINITAMENTE !

Que um pequeno grão de ALEGRIA e
ESPERANÇA dentro de cada um é
capaz de mudar e transformar
qualquer coisa, pois...

A VIDA É CONSTRUÍDA NOS SONHOS
  E CONCRETIZADA NO AMOR!


Francisco Cândido Xavier

Seja Feliz Sempre

 

Fonte: Mensagem enviada por e-mail pelo amigo PAULO DA SILVA

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Credores no Lar

"Honrai vosso pai e vossa mãe..." - Jesus - (Mateus 19:19)

"Honrar a seu pai e sua mãe não consiste apenas em respeitá-los;
é também assistí-los na necessidade; é proporcionar-lhes repouso
na velhice; é cercá-los de cuidados como eles fizeram conosco
na infância." - Cap. XIV, 3. - Evangelho Segundo o Espiritismo

          No devotamento dos pais, todos os filhos são jóias de luz, entretanto, para que compreendas certos antagonismos que te afligem no lar, é preciso saibas que, entre os filhos-companheiros que te apóiam a alma, surgem os filhos-credores, alcançando-te a vida, por instrutores de feição diferente.
         Subtraindo-te os choques de caráter negativo, no reencontro, preceitua a eterna bondade da Justiça Divina que a reencarnação funcione, reconduzindo-os à tua presença, através do berço. É por isso que, a princípio, não ombreiam contigo, em casa, como de igual para igual, porquanto reaparecem humildes e pequeninos.
         Chegam frágeis e emudecidos, para que lhes ensines a palavra de apaziguamento e brandura.
         Não te rogam liquidação de débitos, na intimidade do gabinete, e sim procuram-te o colo para nova fase de entendimento.
         Respiram-te o hálito e escoram-te em tuas mãos, instalando-se em teus passos, para a transfiguração do próprio destino.
         Embora desarmados, controlam-te os sentimentos.
         Não obstante dependerem de ti, alteram-te as decisões com simples olhar.
         De doces numes de carinho, passam, com o tempo, à condição de examinadores constantes de tua estrada.
         Governam-te os impulsos, fiscalizam-te os gestos, observam-te as companhias e exigem-te as horas.
         Reaprendem na escola do mundo com o teu amparo, todavia, à medida que se desenvolvem no conhecimento superior, transformam-se em inspetores intransigentes do teu grau de instrução.
         Muitas vezes choras e sofres, tentando adivinhar-lhes os pensamentos para que te percebam os testemunhos de amor.
         Calas os próprios sonhos, para que os sonhos deles se realizem.
         Apagas-te, a pouco e pouco, para que fuljam em teu lugar.
         Recebes todas as dores que te impõem à alma, com sorrisos nos lábios, conquanto te amarfanhem o coração.
         E nunca possuis o bastante para abrilhantar-lhes a existência, de vez que tudo lhes dá de ti mesmo, sem faturas de serviço e notas de pagamento.

         Quanto te vejas, diante dos filhos crescidos e lúcidos, erguidos à condição de dolorosos problemas de espírito, recorda que eles são credores do passado a te pedirem o resgate de velhas contas.
         Busca auxiliá-los e sustentá-los com abnegação e ternura, ainda que isso te custe todos os sacrifícios, porque, no justo instante em que a consciência te afirme tudo haveres efetuado para enriquecê-los de educação e trabalho, dignidade e alegria, terás conquistado em silêncio, o luminoso certificado de tua própria libertação.

 

Emmanuel

(extraído do livro "Livro da Esperança" - Francisco C. Xavier - pg. 38 - 2ª ed. CEC)

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Que as lágrimas não nos impeçam de lembrar!

De: Letícia Thompson
   Que as lágrimas não nos impeçam de nos lembrar que uma pessoa que chega na nossa vida é um presente que nos foi oferto.
   Há presentes assim valiosos que não duram muito, quando nossos corações desejariam que durassem eternamente e ignoramos por que eles se vão quando a vida parece apenas começar.
   Mas se nos perdemos nesse mundo de questões sem respostas, a dor será muito maior que as lembranças de tudo o que a vida nos permitiu juntos enquanto durou a caminhada na terra.
   Se tivéssemos que voltar atrás, teríamos preferido não ter encontrado, não ter conhecido, somente por que não pudemos guardá-lo no nosso seio mais tempo?
Não...
   O vento passa, mas nos refresca; a chuva vem e vai, mas sacia a terra. O importante mesmo não é a quantidade de tempo que as coisas ou pessoas duram, mas a riqueza que elas trazem à nossa alma, o amor que nos permitimos dar e o que aceitamos receber.
   As dores das partidas definifivas são indizíveis, indefiníveis, mas que elas nunca nos impeçam de nos lembrar da vida compartilhada.
   Que as lágrimas não nos impeçam de sorrir novamente um dia quando a dor for mais amena e as lembranças felizes começarem a voltar, como as flores no jardim a cada primavera.
   A eternidade existe para que esperemos por ela, para que tenhamos o consolo de saber que um dia, se o Deus-Pai permitir, Ele que nos ama de amor infinito, poderemos novamente nos encontrar.

BOM ÂNIMO

Hoje experimentas maior soma de aflições. Observaste a grande mole dos sofredores: mães desnutridas apertando contra o seio sem vitalidade filhos, misérrimos, desfalecidos, quase mortos; mutilados que exibiam as deformidades à indiferença dos passantes na via pública; aleijões que se ultrajavam a si mesmos ante o desprezo a que se entregavam nos "pontos" de mendicância em que se demoram; ébrios contumazes promovendo desordens lamentáveis; enfermos de vária classificação desfilando as misérias visíveis num festival de dor; jovens perturbados pela revolução dos novos conceitos e vigentes padrões éticos; órfãos...
Pareceu-te mais tristonha a paisagem humana, e consideras mentalmente os dramas íntimos que vergastam o homem, na atual conjuntura social, moral e evolutiva do Planeta.
Examinas as próprias dificuldades, e um crepúsculo de sobras lentamente envolve o sol das tuas alegrias e esperanças.
Não te desalentes, porém.
O corpo é oportunidade iluminava mesmo para aqueles que te parecem esquecidos e que supões descendo os degraus da infelicidade na direção do próprio aniquilamento.
Nascer e morrer são acidentes biológicos sob o comando de sábias leis que transcendem à compreensão comum.
Há, no entanto, acompanhando todos os caminhantes a forma carnal, amorosos Benfeitores interessados na libertação deles. Não os vendo, os teus olhos se enganam na apreciação; não os ouvindo, a tua acústica somente registra lamentos; não os sentindo, as parcas percepções de que dispões não anotam suas mãos quais asas de caridade a envolvê-los e sustentá-los.
Perdido em meandros o rio silencioso e perseverante se destina ao mar. Agita e submissa nas mãos do oleiro a argila alcança o vaso precioso. Sofrido o Espírito nas malhas da lei redentora atinge a paz.
Ante a sombra espessa da noite não esqueças o Sol fulgurante mais além. E aspirando o sutil aroma de preciosa flor não olvides a lama que lhe sustenta as raízes...
Viver no corpo é também resgatar.
O Espírito eterno, evoluindo nas etapas sucessivas da vestimenta carnal, se despe e se reveste dos tecidos orgânicos para aprender e sublimar.
Numa jornada prepara o sentimento, noutra aprimora a emoção, noutra mais aperfeiçoa a inteligência...
Nascer ou renascer simplesmente não basta. O labor, interrompido, pois, prosseguirá agora ou depois. Não cultives, portanto, o pessimismo, nem te abatam as dores.
Cada um se encontra no lugar certo, à hora própria e nas circunstâncias que lhe são melhores para a evolução. Não há ocorrência ocasional ou improvisada na Legislação Divina.
Quando retornou curado para agradecer a Jesus da morféia de que fora libertado, o samaritano que formava o grupo dos dez leprosos, conforme a narração evangélica, fez-nos precioso legado: o do reconhecimento.
Quando o centurião afirmou ao Senhor que uma simples ordem Sua faria curado o seu servo, ofertou-nos sublime herança: a fé sem limites.
Quando a hemorroíssa, vencendo todos os obstáculos, tocou o Rabi, deixou-nos precioso ensino: a coragem da confiança.
Identificado ao espírito do Cristo, não te deixes consumir pelo desespero ou pela melancolia, sob revolta injustificada ou indiferença cruel. Persevera, antes, no exame da verdade e insiste no ideal de libertação interior, ajudando e prosseguindo, além, porque se hoje a angústia e o sofrimento te maceram, em resgate que não pode transferir, amanhã rutilará no corpo ou depois dele o sol sublime da felicidade em maravilhoso amanhecer de perene paz.
"Tem ânimo filhos: perdoados são os teus pecados." - Mateus: 9-2.
"Deus não dá prova superior às forças daquele que a pede; só permite as que podem ser cumpridas. Se tal não sucede, não é que falte possibilidade: falta a vontade". - E.S.E. Cap. XIV Item 9.

JESUS E A OBSSESSÃO

Cristãos eminentes, em variadas escolas do Evangelho, asseveram na atualidade que o problema da obsessão teria nascido no culto da mediunidade, à luz da Doutrina Espírita, quando a Doutrina Espírita é o recurso para a supressão do flagelo.
Malham médiuns, fazem sarcasmo, condenam a psicoterapia em favor dos desencamados sofredores e, por vezes, atinge o o disparate de afirmar que a prática medianímica estabelece a loucura.
Esquecem-se, no entanto, de que a vida de Jesus, na Terra, foi uma batalha constante e silenciosa contra obsessões, obsidiados e obsessores.
O combate começa no alvorecer do apostolado divino.
Depois da resplendente consagração na manjedoura, o Mestre encontra o primeiro grande obsidiado na pessoa de Herodes, que decreta a matança de pequenínos, com o objetivo de aniquilá-lo.
Mais tarde, João Batista, o companheiro de eleição que vem ao mundo secundar-lhe a obra sublime, sucumbe degolado, em plena conspiração de agentes da sombra.
Obsessores cruéis não vacilam em procurá-lo, nas orações do deserto, verificando-lhe os valores do sentimento.
A cada passo, surpreende Espíritos infelizes senhoreando médiuns desnorteados.
O testemunho dos apóstolos é sobejamente inequívoco.
Relata Mateus que os obsidiados gerasenos chegavam a ser ferozes; refere-se Marcos ao obsidiado de Cafarnaum, de quem desventurado obsessor se retira clamando contra o Senhor em grandes vozes; narra Lucas o episódio em que Jesus realiza a cura de um jovem lunático, do qual se afasta o perseguidor invisível, logo após arrojar o doente ao chão, em convulsões epileptóides; e reporta-se João a israelitas positivamente obsidiados, que apedrejam o Cristo, sem motivo, na chamada Festa da Dedicação.
Entre os que lhe comungam a estrada, surgem obsessões e psicoses diversas.
Maria de Magdala, que se faria a mensageira da ressurreição, fora vitima de entidades perversas.
Pedro sofria de obsessão periódica.
Judas era enceguecido em obsessão fulminante.
Caifás mostrava-se paranóico.
Pilatos tinha crises de medo.
No dia da crucificação, vemos o Senhor rodeado por obsessões de todos os tipos, a ponto de ser considerado, pela multidão, inferior a Barrabás, malfeitor e obsesso vulgar.
E, por último, como se quisesse deliberadamente legar-nos preciosa lição de caridade para com os alienados mentais, declarados ou não, que enxameiam no mundo, o Divino Amigo prefere partir da Terra na intimidade de dois ladrões, que a ciência de hoje classificaria por cleptomaníacos pertinazes.
À vista disso, ante os escarnecedores de todos os tempos, eduquemos a mediunidade na Doutrina Espírita, porque só a Doutrina Espírita é luz bastante forte, em nome do Senhor, para clarear a razão, quando a mente se transvia, sob o fascínio das trevas.

Psicografia de Francisco Candido Xavier
Pelo Espírito Emmanuel

"A LENDA DO PEIXINHO VERMELHO"

Ante as portas livres de acesso ao trabalho cristão e ao conhecimento salutar que André Luiz vai desvelando, recordamos prazerosamente a antiga lenda egípcia do peixinho vermelho“.
Encantado com as descobertas do caminho infinito, realizadas depois de muitos conflitos no sofrimento, volve aos recôncavos da Crosta Terrestre, enunciando aos antigos companheiros que, além dos cubículos em que se movimentam, resplandece outra vida, mais intensa e mais bela, exigindo, porém, acurado aprimoramento individual para a travessia da estreita passagem de acesso às claridades da sublimação.
O esforço de André Luiz, buscando acender luz nas trevas, é semelhante à missão do peixinho vermelho.
Fala, informa, prepara, esclarece...
Há, contudo, muitos peixes humanos que sorriem e passam, entre a mordacidade e a indiferença, procurando locas passageiras ou pleiteando larvas temporárias.
Esperam um paraíso gratuito com milagrosos deslumbramentos depois da morte do corpo.
Mas, sem André Luiz e sem nós, humildes servidores de boa vontade, para todos os caminheiros da vida humana, pronunciou o Pastor Divino as indeléveis palavras:
- "A cada um será dado de acordo com as suas obras.

No centro de formoso jardim, havia um grande lago, adornado de ladrilhos azul- turquesa“. Alimentado por diminuto canal de pedra, escoava suas águas, do outro lado, através de grade muito estreita.
Nesse reduto acolhedor, vivia toda uma comunidade de peixes, a se refestelarem, nédios e satisfeitos, em complicadas locas, frescas e sombrias. Elegeram um dos concidadãos de barbatanas para os encargos de rei, e ali viviam, plenamente despreocupados, entre a gula e a preguiça.
Junto deles, porém, havia um peixinho vermelho, menosprezado de todos. Não conseguia pescar a mais leve larva, nem refugiar-se nos nichos barrentos. Os outros, vorazes e gordalhudos, arrebatavam para si todas as formas larvárias e ocupavam, displicentes, todos os lugares consagrados ao descanso.
O peixinho vermelho que nadasse e sofresse.
Por isso mesmo era visto, em correria constante, perseguido pela canícula ou atormentado de fome.
Não encontrando pouso no vastíssimo domicílio, o pobrezinho não dispunha de tempo para muito lazer e começou a estudar com bastante interesse. Fez o inventário de todos os ladrilhos que enfeitavam as bordas do poço, arrolou todos os buracos nele existentes e sabia, com precisão, onde se reuniria maior massa de lama por ocasião de aguaceiros. Depois de muito tempo, à custa de longas perquirições, encontrou a grade do escoadouro. Frente da imprevista oportunidade de aventura benéfica, refletiu consigo:
- "Não será melhor pesquisar a vida e conhecer outros rumos?"
Optou pela mudança.
Apesar de macérrimo, pela abstenção completa de qualquer conforto, perdeu várias escamas, com grande sofrimento, a fim de atravessar a passagem estreitíssima. Pronunciando votos renovadores, avançou, otimista, pelo rego d'água, encantado com as novas paisagens, ricas de flores e sol que o defrontavam, e seguiu, embriagado de esperança...
Em breve, alcançou grande rio e fez inúmeros conhecimentos.
Encontrou peixes de muitas famílias diferentes, que com ele simpatizaram, instruindo-o quanto aos percalços da marcha e descortinando-lhe mais fácil roteiro.
Embevecido, contemplou nas margens homens e animais, embarcações e pontes, palácios e veículos, cabanas e arvoredo. Habituado com o pouco, vivia com extrema simplicidade, jamais perdendo a leveza e a agilidade naturais. Conseguiu, desse modo, atingir o oceano, ébrio de novidade e sedento de estudo.
De início, porém, fascinado pela paixão de observar, aproximou-se de uma baleia para quem toda a água do lago em que vivera não seria mais que diminuta ração; impressionado com o espetáculo, abeirou-se dela mais que devia e foi tragado com os elementos que lhe constituíam a primeira refeição diária. Em apuros, o peixinho aflito orou ao Deus dos Peixes, rogando proteção no bojo do monstro e, não obstante as trevas em que pedia salvamento, sua prece foi ouvida, porque o valente cetáceo começou a soluçar e vomitou, restituindo-o às correntes marinhas.
O pequeno viajante, agradecido e feliz, procurou companhias simpáticas e aprendeu a evitar os perigos e tentações. Plenamente transformado em suas concepções do mundo, passou a reparar as infinitas riquezas da vida. Encontrou plantas luminosas, animais estranhos, estrelas móveis e flores diferentes no seio das águas. Sobretudo, descobriu a existência de muitos peixinhos, estudiosos e delgados tanto quanto ele, junto dos quais se sentia maravilhosamente feliz.
Vivia, agora, sorridente e calmo, no Palácio de Coral que elegera, com centenas de amigos, para residência ditosa, quando, ao se referir ao seu começo laborioso, veio a saber que somente no mar as criaturas aquáticas dispunham de mais sólida garantia, de vez que, quando o estio se fizesse mais arrasador, as águas de outra altitude, continuariam a correr para o oceano.
O peixinho pensou, pensou... e sentindo imensa compaixão daqueles com quem convivera na infância, deliberou consagrar-se à obra do progresso e salvação deles. Não seria justo regressar e anunciar-lhes a verdade? não seria nobre ampará-los, prestando-lhes a tempo valiosas informações? Não hesitou.
Fortalecido pela generosidade de irmãos benfeitores que com ele viviam no Palácio de Coral, empreendeu comprida viagem de volta. Tornou ao rio, do rio dirigiu-se aos regatos e dos regatos se encaminhou para os canaizinhos que o conduziram ao primitivo lar. Esbelto e satisfeito como sempre, pela vida de estudo e serviço a que se devotava, varou a grade e procurou, ansiosamente, os velhos companheiros. Estimulado pela proeza de amor que efetuava, supôs que o seu regresso causasse surpresa e entusiasmo gerais. Certo, a coletividade inteira lhe celebraria o feito, mas depressa verificou que ninguém se mexia. Todos os peixes continuavam pesados e ociosos, repimpados nos mesmos ninhos lodacentos, protegidos por flores de lotus, de onde saíam apenas para disputar larvas, moscas ou minhocas desprezíveis.
Gritou que voltara a casa, mas não houve quem lhe prestasse atenção, porquanto ninguém, ali, havia dado pela ausência dele.
Ridicularizado, procurou, então, o rei de guelras enormes e comunicou-lhe a reveladora aventura. O soberano, algo entorpecido pela mania de grandeza, reuniu o povo e permitiu que o mensageiro se explicasse.
O benfeitor desprezado, valendo-se do ensejo, esclareceu, com ênfase, que havia outro mundo líquido, glorioso e sem fim. Aquele poço era uma insignificância que podia desaparecer, de momento para outro. Além do escoadouro próximo desdobravam- se outra vida e outra experiência. Lá fora, corriam regatos ornados de flores, rios caudalosos repletos de seres diferentes e, por fim, o mar, onde a vida aparece cada vez mais rica e mais surpreendente. Descreveu o serviço de tainhas e salmões, de trutas e esqualos. Deu notícias do peixe-lua, do peixe-coelho e do galo-do-mar. Contou que vira o céu repleto de astros sublimes e que descobrira árvores gigantescas, barcos imensos, cidades praieiras, monstros temíveis, jardins submersos, estrelas do oceano e ofereceu-se para conduzi-los ao Palácio de Coral, onde viveriam todos, prósperos e tranqüilos. Finalmente os informou de que semelhante felicidade, porém, tinha igualmente seu preço. Deveriam todos emagrecer, convenientemente, abstendo-se de devorar tanta larva e tanto verme nas locas escuras e aprendendo a trabalhar e estudar tanto quanto era necessário à venturosa jornada.
Antes de terminar, gargalhadas estridentes coroaram-lhe a preleção.
Ninguém acreditou nele.
Alguns oradores tomaram a palavra e afirmaram, solenes, que o peixinho vermelho delirava, que outra vida além do poço era francamente impossível, que aquela história de riachos, rios e oceanos era mera fantasia de cérebro demente e alguns chegaram a declarar que falavam em nome do Deus dos Peixes, que trazia os olhos voltados para eles unicamente.
O soberano da comunidade, para melhor ironizar o peixinho, dirigiu-se em companhia dele até a grade de escoamento e, tentando, de longe, a travessia, exclamou, borbulhante:
- "Não vês que não cabe aqui nem uma só de minhas barbatanas? Grande tolo! vai-te daqui! não nos perturbe o bem- estar... Nosso lago é o centro do Universo... Ninguém possui vida igual à nossa!..."
Expulso a golpes de sarcasmo, o peixinho realizou a viagem de retorno e instalou-se, em definitivo, no Palácio de Coral, aguardando o tempo.
Depois de alguns anos, apareceu pavorosa e devastadora seca. As águas desceram de nível. E o poço onde viviam os peixes pachorrentos e vaidosos esvaziou-se, compelindo a comunidade inteira a perecer, atolada na lama—...

André Luiz
Do prefácio do livro "LIBERTAÇÀO
Psicografia de Francisco Cândido Xavier.

Credores no Lar

"Honrai vosso pai e vossa mãe..." - Jesus - (Mateus 19:19)

"Honrar a seu pai e sua mãe não consiste apenas em respeitá-los;
é também assistí-los na necessidade; é proporcionar-lhes repouso
na velhice; é cercá-los de cuidados como eles fizeram conosco na infância." - Cap. XIV, 3. - Evangelho Segundo o Espiritismo

          No devotamento dos pais, todos os filhos são jóias de luz, entretanto, para que compreendas certos antagonismos que te afligem no lar, é preciso saibas que, entre os filhos-companheiros que te apóiam a alma, surgem os filhos-credores, alcançando-te a vida, por instrutores de feição diferente.
         Subtraindo-te os choques de caráter negativo, no reencontro, preceitua a eterna bondade da Justiça Divina que a reencarnação funcione, reconduzindo-os à tua presença, através do berço. É por isso que, a princípio, não ombreiam contigo, em casa, como de igual para igual, porquanto reaparecem humildes e pequeninos.
         Chegam frágeis e emudecidos, para que lhes ensines a palavra de apaziguamento e brandura.
         Não te rogam liquidação de débitos, na intimidade do gabinete, e sim procuram-te o colo para nova fase de entendimento.
         Respiram-te o hálito e escoram-te em tuas mãos, instalando-se em teus passos, para a transfiguração do próprio destino.
         Embora desarmados, controlam-te os sentimentos.
         Não obstante dependerem de ti, alteram-te as decisões com simples olhar.
         De doces numes de carinho, passam, com o tempo, à condição de examinadores constantes de tua estrada.
         Governam-te os impulsos, fiscalizam-te os gestos, observam-te as companhias e exigem-te as horas.
         Reaprendem na escola do mundo com o teu amparo, todavia, à medida que se desenvolvem no conhecimento superior, transformam-se em inspetores intransigentes do teu grau de instrução.
         Muitas vezes choras e sofres, tentando adivinhar-lhes os pensamentos para que te percebam os testemunhos de amor.
         Calas os próprios sonhos, para que os sonhos deles se realizem.
         Apagas-te, a pouco e pouco, para que fuljam em teu lugar.
         Recebes todas as dores que te impõem à alma, com sorrisos nos lábios, conquanto te amarfanhem o coração.
         E nunca possuis o bastante para abrilhantar-lhes a existência, de vez que tudo lhes dá de ti mesmo, sem faturas de serviço e notas de pagamento.

         Quanto te vejas, diante dos filhos crescidos e lúcidos, erguidos à condição de dolorosos problemas de espírito, recorda que eles são credores do passado a te pedirem o resgate de velhas contas.
         Busca auxiliá-los e sustentá-los com abnegação e ternura, ainda que isso te custe todos os sacrifícios, porque, no justo instante em que a consciência te afirme tudo haveres efetuado para enriquecê-los de educação e trabalho, dignidade e alegria, terás conquistado em silêncio, o luminoso certificado de tua própria libertação.

Emmanuel

(extraído do livro "Livro da Esperança" - Francisco C. Xavier - pg. 38 - 2ª ed. CEC)

Umbanda não é Espiritismo

Benedito da Gama Monteiro

        Origem, conteúdo doutrinário e prática ritual estabelecem as diferenças fundamentais entre Espiritismo e Umbanda. Apesar da clareza dessas distinções, isso não deve ser razão impossibilitante para que entre espíritas e umbandistas haja respeito mútuo, espírito de compreensão e sensatez, embora essa tolerância não deva resultar em conivência e omissão.
        Deolindo Amorim, em seu livro "O Espiritismo e as Doutrinas Espiritualistas", conclui, afirmando:
        "O Espiritismo é uma doutrina que se basta por si mesma, sem empréstimos nem acréscimos artificiais."
        À luz dessa precisa orientação, observamos que nem mesmo nos arraiais espíritas essa diferença é feita, especialmente por aqueles que não se dão ao trabalho de estudar a Doutrina, sem falar em parte da imprensa leiga que, de propósito ou não, anuncia tudo o que ocorre nas tendas e terreiros como sendo Espiritismo, disso se beneficiando os opositores sistemáticos, que esperam levar vantagem com a confusão estabelecida.
        Fala-se em  "baixo Espiritismo"e "alto Espiritismo"; em Ëspiritismo de mesa" e "Espiritismo de terreiro", etc., como se houvesse mas de um Espiritismo!
        Quanto à origem, sabemos que Espiritismo é a doutrina codificada por Allan Kardec, recebida de vários Espíritos Superiores no século passado, caracterizando-se por um conjunto de princípios de ordem científica, filosófica e religiosa, que objetiva o progresso espiritual do homem, com a implantação da fraternidade entre todas as criaturas na Terra.
        A Umbanda deriva-se, fundamentalmente, do culto religioso da raça negra da velha África. Os seus princípios doutrinários são realmente frutos de "folclore", dos provérbios, aforismos, das lendas, ças populares, cnções e tradições do negro africano.
        Com referência ao conteúdo doutrinário, sabemos que o Espiritismo se assenta em postulados científicos, filosóficos e éticos, o que não se dá na Umbanda, que não tem doutrina codificada, embora seus adeptos aceitem a imortalidade da alma, a reencarnação e a lei de ação e reação, como fazem os espíritas.
        Quanto à prática ritual, a Umbanda difere, essencialmente, do Espiritismo porque aquela atua no plano da natureza e este no do pensamento, pois que só o Espírito conta, realmente. Aliás, o Espíritismo não tem ritual de nenhuma espécie, pois não admite corpo sacerdotal hierarquizado ou não, cerimônias (batizados, casamentos e quaisquer outras); não se utiliza de fórmulas, invocações, ou promessas de qualquer natureza; repele a adoração de imagens, símbolos, amuletos; rejeita crendices e superstições e não admite pagamento pela prestação de assistência espiritual ou de qualquer auxílio, que conceda aos necessitados.
        As tentativas para fundamentar a introdução de rituais, incensos, imagens, e outros objetos de culto material no meio espírita invocam, sempre. um pressuposto espiritualista, como generalidade, ou fazem apelo à tolerância. Não há, entretanto, razão alguma para tais pretextos, uma vez que o Espiritismo, pelas suas disposições doutrinárias, dispensa completamente qualquer forma de ritual ou peças litúrgicas.
        Assim sendo, onde houver qualquer manifestação de culto exterior, não existirá a verdadeira prática espírita.
        Apesar do louvável entusiasmo de alguns espíritas para a comunhão de seitas religiosas no seio da Doutrina, a mistura heterogênea sempre sacrifica a pureza íntima da essência! A qualidade de substância espírita reduzir-se-ia pela quantidade de mistura de outros ingredientes religiosos.
        O Espiritismo não é doutrina separativista, nem ecletismo religioso em torno do Espírito imortal! É, principalmente, uma idéia de solidariedade fraterna entre todos os homens! Pode abrigar, em espírito, todos os credos e religiões que firmam suas doutrinas e postulados na realidade imortal. Mas seria insensata a mistura heterogênea de práticas, dogmas, princípios e composturas devocionais diferentes, entre si, para constituir outro movimento espiritualista excêntrico.
        A missão da Doutrina Espírita, enfim, é libertar o homem e não prendê-lo ainda mais às fórmulase superstições do mundo.
        Finalizamos, fazendo nossas as observações sensatas do Espírito Emmanuel, na mensagem Doutrina Espírita, concitando os Espíritas a zelarem pela doutrina que professam:
"Porque a Doutrina Espírita é em si a liberalidade e o entendimento, há quem julgue seja ela obrigada a misturar-se com todas as aventuras marginais e com todos os exotismos, sob pena de fugir aos impositivos da fraternidade que veicula.
         Dignifica, assim, a Doutrina que te consola e liberta, vigiando-lhe a pureza e a simplicidade, para que não colabores, sem perceber, nos vícios da ignorância e nos crimes do pensamento.
         'Espírita' deve ser o teu caráter, ainda mesmo que te sintas em reajuste, depois da queda.
         'Espírita' deve ser a tua conduta, ainda mesmo que estejas em duras experiêncas.
         'Espírita' deve ser o nome de teu nome, ainda mesmo respires em aflitivos combates contigo mesmo.
         'Espírita' deve ser o claro adjetivo de tua instituição, ainda mesmo que, por isso, te faltem as passageiras subvenções e honrrarias terrestres.
         Doutrina Espírita quer dizer Doutrina de Cristo.
         E a Doutrina de Cristo é a doutrina do aperfeiçoamento moral em todos os mundos.
         Guarda-a, pois, na existência, como sendo a tua responsabilidade mais alta, porque dia virá em que serás naturalmente convidado a prestar-lhe contas."

 

(Texto retirado da revista "Reformador", Abril, 1996, pág. 33)

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Princípios Espíritas

Washington Borges de Souza

        O Espiritismo ensina, sustenta e comprova que Deus existe e "é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas".
        Deus, espírito e matéria são os elementos gerais do Universo.
        A natureza íntima do Criador é, ainda, para nós, nos atuais estágios evolutivos, inacessível à nossa compreensão. Sabemos, apenas, que sobrepaira sobre tudo que existe em toda parte e que Suas leis são soberanas, muitas delas desconhecidas da Humanidade terrena.
        Outro componente da trintade universal é o espírito, do qual também pouco sabemos. Comanda os pensamentos e ações do ser humano quando individualizado, por meio de sua vontade e livre-arbítrio, dirigindo os fluidos provindos do fluido universal de onde promanam todas as coisas.
        O terceiro elemento universal é a matéria, mais ou menos densa, da qual faz parte nosso corpo físico, morada provisória da alma imortal.
        A Ciência, nos rumos da evolução, desbrava o desconhecido e muitas noções são alcançadas para auxiliar a alma na caminhada para sua destinação: a perfeição.
        O Espírito, a fim de que possa atuar sobre a matéria mais grosseira, se serve de outra menos densa, a fluídica, a qual, no que se refere ao ser humano, recebeu na Codificação Kardequiana a denominação de "perispírito", ligado ao corpo físico molécula a molécula por ocasião da concepçãono ventre materno, no majestoso processo divino da formação da vida, exclusivamente originária da Suprema Sabedoria.
        Procede da Doutrina Espírita a lição de que o Espírito, também denominado alma,  é criado "simples e ignorante", mas as suas origens se perdem nas noites do passado distante. "É o ser inteligente da criação"... "Uma chama, um clarão, uma centelha".
        O princípio inteligente existente no Universo é inegável. O Espírito é a "individualização" desse princípio conforme esclarece a Doutrina, mas a sua criação pertence aos domínios de Deus e está fora dos limites da nossa atual compreensão, podendo-se, apenas, formular teorias para explicá-la. A que parece estar mais concorde com a razão é a que expõe que o princípio inteligente inicia sua jornada nos reinos inferiores da Natureza, progredindo até atingir o reino humano, quando se individualiza e adquire o livre-arbítrio.
        A própria Doutrina Espírita enfatiza que há certos mistérios ainda inacessíveis à nossa precária compreensão. A natureza íntima do Criador, as origens da matéria e do Espírito, o infinito do Universo, são exemplos típicos. As vaidades, muitas vezes, se insurgem contra tal realidade e buscam criar sistemas individuais, sem, contudo, contarem com a aprovação dos Espíritos encarregados da Terceira Revelação. Impõe-se, pois, a separação das opiniões pessoais das verdades já reveladas a fim de se manter resguardada a responsabilidade doutrinária, a pureza e autenticidade do que por ora nos é concedido entender.
        O Espiritismo não consagra ou sanciona milagres, nem mesmo certos mistérios.Os primeiros ele os explicita à luz de leis naturais, e os segundos, os mistérios, situa-os fora do alcance da nossa atual compreensão. Incumbe, pois a nós, ainda não capacitados a poder entendê-los, admitir que pertencem aos domínios divinos. Somente a compreensão aprimorada irá explicá-los. Há necessidade de aceitar isso com humildade, o que também é de difícil conquista, dada a arrogância humana.
        Observando-se os reinos inferiores da Natureza, percebem-se certas aproximações de caracteres entre eles e o humano. Até mesmo o mineral não foge a certa similitude. No vegetal ela se acentua. Há plantas benfazejas, inúteis, úteis e até nocivas e venenosas, como as criaturas humanas. Há as que sugam as energias das outras exatamente como constatamos em processos obsessivos. Há espécies dotadas de sensibilidade evidentes e zoófitos que despertam atenção.Árvores que produzem bons frutos e outra frutos ruins. As que nada oferecem a não ser seu lenho e sua função. Vegetais que alimentam a vida e ervas daninhas que atrapalham e incomodam, inúteis, portanto, tais como as pessoas desviadas dos caminhos do bem e dedicadas à à destruição e à perversidade.
        Os animais inferiores, do mesmo modo, mantêm a acentuada evidência de que há um princípio conducente a Deus em tudo que existe. Alguns de instintos mais aperfeiçoados do que outros e até denotando certo grau de inteligência. São eles os prestimosos auxiliares do homem. Na Natureza tudo se encadeia.
        O Espiritismo tem por fundamento a existência de Deus, dos Espíritos e das Leis Naturais que regulam a vida e tudo que existe no Universo. É, portanto, doutrina natural. À medida que outras leis ainda desconhecidas são desvendadas, ampliam-se, conseqüentemente, as fontes benfeitoras sobre nossas vidas. Em verdade não existe ninguém rigorosamente materialista porque no imo de cada ser humano há uma centelha provinda do Criador que jamais se apaga, a alma. Entretanto, é inegável que facções da Humanidade se fixam na convicção enganosa que nada há além da matéria; todavia, mesmo esta se conserva às vezes fora do alcance de suas concepções, pois existe em outros estados que escapam aos limitados sentidos humanos, já devidamente confirmados pela Ciência tradicional.
        Todos estamos subordinados ao axioma da existência. A Doutrina Espírita parte dessa realidade. Estacionar aí não satisfaz à natureza humana dotada de racionalidade, de inteligência, de vontade, de livre arbítrio. Esses e outros atributos fazem-na progredir, aperfeiçoar-se. Esta e a lei natural que rege a todos, ateus ou não, e a tudo que existe, queiramos ou não. Tais princípios são incontestáveis.
        A grandiosidade dessa Doutrina é incomensurável. Encaminha as pessoas esclarecendo-as. Respeita o livre arbítrio de cada uma mostrando-lhe, com antecedência, as conseqüências de seus procedimentos em face das leis que governam o Universo. Jamais se fixa em discussões vazias e estéreis. Clareia a via comum a todos e aguarda os retardatários, sejam eles niilistas, espíritas, católicos, protestantes ou de que seita ou religião forem. É a Religião que visa a reunir todas as criaturas em torno do Criador e da Verdade.
        Há quem se apraz em atar-se a vaidades, em fazer com que prevaleçam seus entendimentos, em perder tempo com sofismas e sortilégios, em  desarmonizar com discussões descabidas e inócuas, em lutas inglórias, opondo-se a seus próprios interesses de evolução. Tudo isso faz parte da vida. Tudo, enfim, está sob controle da soberana, augusta e insofreável vontade de Deus e da Sua Misericordiosa Justiça.

 

Texto extraído da Revista "Reformador", Maio 1999.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Medicação

Aceite-se, tal qual é, buscando melhorar-se.
Suporte com paciência as provas do caminho.
Se você caiu, erga-se logo para seguir adiante.
Se já conhece o que seja tentação, já sabe claramente como evitá-la.
Deixe de criar motivações a sofrimentos de que não tem necessidade.
Abstenha-se de relações que lhe prejudiquem a paz.
Não tente sanar amarguras da alma com medicações que lhe criem exagerada dependência.
Cultive fortaleza de ânimo e acolha a realidade, tal como se apresenta.
Faça todo o bem que puder, auxiliando a todos, mesmo quando não possa estar com todos.
Trabalhe sempre confiando em Deus.
Não diga que isso é óbvio ou que você já sabe tudo isso, porque os planos do bem devem ser infinitamente repetidos e a construção mais simples é sempre a mais difícil de se fazer.

André Luiz

sábado, 12 de junho de 2010

Receita Para Melhorar

Dez gramas de juízo na cabeça.
                Serenidade na mente.
                Equilíbrio dos raciocínios.
                Elevação nos sentimentos.
                Pureza nos olhos.
                Vigilância nos ouvidos.
                Lubrificante na cerviz.
                Interruptor na língua.
                Amor no coração.
                Serviço útil e incessante nos braços.
                Simplicidade no estômago.
                Boa direção dos pés.

                - Uso diário em temperatura de boa-vontade.

 

José Grosso

Mensagem extraída do livro "Cartas do Coração"- Francisco Cândido Xavier

sexta-feira, 11 de junho de 2010

DEPRESSÃO

A depressão tem a sua gênese no Espírito,que reencarna com alta dose de culpa, quando renteando no processo da evolução sob fatores negativos que lhe assinalam a marcha e de que não se resolveu por liberar-se em definitivo.
          Com a consciência culpada, sofrendo os gravames que lhe dilaceram a alegria íntima, imprime nas células os elementos que as desconectam, propiciando, em largo prazo, o desencadeamento dessa psicose que domina uma centena de milhões de criaturas na atualidade.



          Se desejarmos examinar as causas psicológicas, genéticas e orgânicas, bem estudadas pelas ciências que se encarregam de penetrar o problema, temos que levar em conta o Espírito imortal, gerador dos quadros emocionais e físicos de que necessita, para crescer na direção de Deus.



          A depressão instala-se, a pouco e pouco, porque as correntes psíquicas desconexas que a desencadeiam, desarticulam, vagarosamente,o equilibrio mental.



          Quando irrompe, exteriorizando-se, dominadora, suas raízes estão fixadas nos painéis da alma rebelde ou receosa de prosseguir nos compromissos redentores abraçados.
          Face as suas cáusticas manifestacões, a terapia de emergência faz-se imprescindível, embora, os métodos acadêmicos vigentes, pura e simplesmente, não sejam suficientes para erradicá-la.



          Permanecendo as ocorrências psicossociais, sócio-econômicas, psico-afetivas, que produzem a ansiedade, certamente se repetirão os distúrbios no comportamento do indivíduo conduzindo a novos estados depressivos.


          Abre-te ao amor e combaterás as ocorrências depressivas, movimentando-te em paz na área da afetividade com o pensamento em Deus.


          Evita a hora vazia e resguarda-te da sofreguidão pelo excesso de trabalho.
          Adestra-te, mentalmente, na resignação diante do que te ocorra de desagradável e não possas mudar.
          Quando sitiado pela idéia depressiva alarga o campo de raciocínio e combate o pensamento pessimista.
          Açodado pelas reminiscências perniciosas, de contornos imprecisos, sobrepõe as aspirações da luta e age, vencendo o cansaço. 

          Quem se habilita na ação bem conduzida e dirige o raciocínio com equilÍbrio, não tomba nas redes bem urdidas da depressão.


          Toda vez que uma idéia prejudicial intentar espraiar-se nas telas do pensamento obnubilando-te a razão, recorre à prece e à polivalência de conceitos, impedindo-lhe a fixação. 

          Agradecendo a Deus a benção do renascimento na carne, conscientiza-te da sua utilidade e significação superior, combatendo os receios do passado espiritual, os mecanismos insconscientes de culpa,e produze com alegria.


          Recebendo ou não tratamento especializado sob a orientação de algum facultativo, aprofunda a terapia espiritual e reage, compreendendo que todos os males que infelicitam o homem procedem do Espirito que ele é, no qual se encontram estruturadas as conquistas e as quedas, no largo mecanismo da evolução inevitável.

Joanna de Ângelis
extraído do livro "Receitas de Paz"- Divaldo Pereira Franco

quinta-feira, 10 de junho de 2010

“Caríssimos! Existe uma erva daninha que permeia vossas ações e se encontra incrustada dentro dos agrupamentos espíritas: chama-se orgulho. Esta pedra de tropeço é o que tem levado muitos dos bons médiuns a resvalar pelos caminhos do ócio e da desesperança, pois ao se entregar a este sentimento tão pernicioso, logo caem presos dos maus Espíritos e certamente o resultado é a obsessão tenaz, que se instala lentamente.

          Observai a maneira pela qual vos comportais em vossas atividades medianímicas. Sabeis que, no serviço da mediunidade, estais desempenhando um papel de intermediário entre os dois mundos e embora emprestando também vossos sentimentos e saber intelectual, é trabalho do mundo espiritual trazer através de vós as palavras que instruem, consolam, alertam e educam as criaturas.

          Falo para os médiuns, pois é neles que se centra a maior parte das perturbações existentes nos núcleos espíritas. Por deterem o dom do intercâmbio, dado por Deus, sentem-se prontos para desempenhar a tarefa sem a salutar necessidade do estudo. Resistem à disciplina por inspiração de Espíritos atrasados que conduzem seus pensamentos. Na maioria das vezes, ditam as regras das casas espíritas, inspirados por esses mesmos irmãos infelizes, que se comprazem em manter a casa sob o manto do atraso, da fantasia, da hipocrisia e da desordem.

          Irmãos espíritas! Livrai-vos do melindre, praga venenosa que corrói grande parte dos núcleos. O melindre, como sabeis, é filho dileto do orgulho e se bem soubessem, esses que o cultivam, a grande nuvem de perturbação que os envolvem cada vez que sintonizam nessa faixa, bem depressa cuidariam de extirpar esse mal de dentro de si. É o melindre o principal entrave a que os núcleos se organizem de forma a produzir mais e melhor. É o melindre o impedimento para que os homens cresçam, pois ele obstrui o saber na medida que endereça o melindrado ao entendimento de que todos os esforços de organização das casas espíritas são falta de caridade.

          O filho do orgulho não permite que o homem anteveja sua condição de necessitado, sua condição de aprendiz. Jamais um melindrado pode ser um servo do Senhor, pois a condição fundamental para tal posição é a humildade e desta virtude ele é um grande carente. O orgulhoso que se diz servo de Jesus, o faz com o sentimento de falsa humildade, buscando para si o reconhecimento por ser “bom” e “sábio”,  colocando-se antes como mestre. Pode-se bem reconhecê-los pela extrema dificuldade que encontram em adaptar-se às normas que disciplinam a casa espírita. Geralmente estão sob o império da obsessão e não se apercebem disso. Se alguém identifica e tenta auxiliar, o resultado é catastrófico.

          Grande tristeza é constatar a imensa falta que faz o entendimento pleno da doutrina de Jesus dentro dos núcleos espíritas. O Espiritismo veio ao mundo para auxiliar o homem no entendimento das coisas de Deus, esclarecendo pontos obscuros da mensagem divina. Infelizmente, grande parte dos núcleos executam uma doutrina de superficialidade, inócua para o progresso do Espírito imortal e se acham presos de uma mentalidade que mais serve aos propósitos do mundo que aos desígnios de Deus.

          E vós, medianeiros espíritas, meditai acerca das responsabilidades assumidas diante do Alto. Deixai de lado a tola vaidade e o descabido orgulho que mancham vossas ações com atitudes de melindre, que interrompem vosso progresso. O amadurecimento espiritual terá que ser meta a perseguir na senda da vida. Sede, portanto, vigilantes na conduta, pensamento e acima de tudo, no testemunho diário na convivência entre os vossos pares. Saber servir é sabedoria. Que Deus vos abençoe” - Um Espírito Protetor.

Espírito: Um Espírito Protetor
Sociedade de Estudos Espíritas Allan Kardec
São Luís, MA
Internet: vanda@elo.com.br

quarta-feira, 9 de junho de 2010

DISCIPLINA

Não nos repugne o verbo obedecer.



         Tudo o que constitui progresso e aperfeiçoamento guarda a ordem por base.


         Não olvides que a disciplina principia no Céu.
         As mais sublimes constelações atendem às leis de equilíbrio e movimento.
         O Sol que nos sustenta a vida no mundo repete operações de ritmo, há numerosos milênios.
         A Lua que clareava o caminho das mais remotas civilizações da Índia e do Egito efetua, ainda hoje, as mesmas tarefas, diante da Humanidade.



         No campo da Natureza, a disciplina é alicerce de toda benção.
         Obedece o solo.
         Obedece a árvore.
         Obedece a fonte.
         Qualquer construção obedece ao plano do arquiteto que a idealiza.



         E, no aconchego do lar, obedecem o piso anônimo, o vaso amigo e o pão que enriquece a mesa.



         Na experiência física, a saúde é obra da disciplina celular.
         Quando as unidades microscópicas da colmeia orgânica se desarvoram, rebeladas, encontramos os tormentos da enfermidade ou as sombras da morte.



         Chamados a servir aos nossos semelhantes no Espiritismo Cristão, em favor de nós mesmos, saibamos cultivar a liberdade de obedecer para o bem, aprendendo e ajudando sempre.



         Jamais nos esqueçamos de que Jesus se fez o Mestre Divino e o Soberano das Almas, não somente  porque tenha vindo ao mundo, consagrado pelos cânticos das Legiões Celestes, mas também por haver transformado a própria vida, em Seu Apostolado de Amor, num cântico de humildade, obedecendo constantemente a vontade de Deus.

 

Scheilla

psicografado em Reunião Pública, em 01/06/1957, no Centro Espírita 
Luiz Gonzaga -Pedro Leopoldo - MG
extraído do livro "Taça de Luz"- Francisco Cândido Xavier, 2ª ed., FEESP

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Mensagem de Amigo

 

  Toda criança na terra
É sempre uma vida em flor
  Que se dirige ao futuro,
   Necessitando de amor.

   Se quiserdes vida nova, acendei a própria luz,
Dando a criança o caminho
     Da elevação à Jesus

 

           Casimiro Cunha

domingo, 6 de junho de 2010

Instrução da Vida

 

Qualquer pessoa com fome
Coloca o estômago em luta...
O Consolo fala, fala...
Mas o ventre não escuta

O remédio para a fome
Por muito nos desagrade
É dupla leal à vida :
- O Trabalho e a Caridade

Alguém na casa vizinha
Pede pão, quase sem voz...
Não se sabe hoje quem seja...
Mais tarde, seremos nós.


MEIMEI

sábado, 5 de junho de 2010

OS TRÊS CRIVOS

...Certa feita, um homem esbaforido achegou-se a Sócrates e sussurrou-lhe aos ouvidos:
        -Escuta, na condição de teu amigo, tenho alguma coisa muito grave para dizer-te, em particular...
        - Espera!... ajuntou o sábio prudente. Já passaste o que me vais dizer pelos três crivos?
        -Três crivos?! – perguntou o visitante, espantado.
        - Sim, meu caro amigo, três crivos. Observemos se tua confidência passou por eles. O primeiro, é o crivo da verdade. Guardas absoluta certeza, quanto àquilo que pretendes comunicar?
        - Bem, ponderou o interlocutor, assegurar mesmo, não posso... Mas ouvi dizer e... então...
        - Exato. Decerto peineiraste o assunto pelo segundo crivo, o da bondade. Ainda que não seja real o que julgas saber, será pelo menos bom o que me queres contar?
        Hesitando, o homem replicou:
        - Isso não!... Muito pelo contrário...
        - Ah! – tornou o sábio – então recorramos ao terceiro crivo: o da utilidade, e notemos o proveito do que tanto te aflige.
        - Útil?!... – aduziu o visitante ainda agitado.
        – Útil não é...
        - Bem – rematou o filósofo num sorriso, - se o que tens a confiar não é verdadeiro, nem bom e nem útil, esqueçamos o problema e não te preocupes com ele, já que nada valem casos sem edificações para nós...
        Aí está, meu amigo, a lição de Sócrates, em questões de maledicência...

 

Irmão  X
Página recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier,
extraído do livro "Aulas da Vida"

Renasce Agora

"Aquele que não nascer de novo não pode
ver o Reino de Deus."- Jesus. (João, 3:3)

         A própria Natureza apresenta preciosas lições, nesse particular. Sucedem-se os anos com matemática precisão, mas os dias são sempre novos. Dispondo, assim, de trezenta e sessenta e cinco ocasiões de aprendizado e recomeço, anualmente, quantas oportunidades de renovação moral encontrará a criatura, no abençoado período de uma existência?
         Conserva do passado o que for bom e justo, belo e nobre, mas não guardes do pretérito os detritos e as sombras, ainda mesmo quando mascarados de encantador revestimento.
         Faze por ti mesmo, nos domínios da tua iniciativa pela aplicação da fraternidade real, o trabalho que a tua negligência atirará fatalmente sobre os ombros de teus benfeitores e amigos espirituais.
         Cada hora que surge pode ser portadora de reajustamento.
         Se é possível, não deixes para depois os laços de amor e paz que podes criar agora, em substituição às pesadas algemas do desafeto.
         Não é fácil quebrar antigos preceitos do mundo ou desenovelar o coração, a favor daqueles que nos ferem. Entretanto, o melhor antídoto contra os tóxicos da aversão é a nossa boa-vontade, a benefício daqueles que nos odeiam ou que ainda não nos compreendem.
         Enquanto nos demoramos na fortaleza defensiva, o adversário cogita em enriquecer as  munições, mas se descemos à praça, desassombrados e serenos, mostrando novas disposições na luta, a idéia de acordo substitui, dentro de nós e em torno de nossos passos, a escura fermentação de guerra.
         Alguém te magoa? Reinicia o esforço da boa compreensão.
         Alguém te não entende? Persevera em demonstrar intentos mais nobres.
         Deixa-te reviver, cada dia, na corrente cristalina e incessante do bem.
         Não olvides a assertiva do Mestre: - "Aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus."
         Renasce agora em teus propósitos, deliberações e atitudes, trabalhando para superar os obstáculos que te cercam a alcançando a antecipação da vitória sobre a ti mesmo, no tempo...
         Mais vale auxiliar, ainda hoje, que ser auxiliado amanhã.

 

Emmanuel

(extraído do livro "Fonte Viva" - Francisco C. Xavier - Capítulo 56 - ed. FEB)

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Prece de Cáritas

Deus, nosso pai, que sois todo o poder e Bondade, dai força àquele que passa pela  provação, dai luz àquele que procura a verdade; ponde no coração do homem a compaixão e a caridade.
        Deus! Dai ao viajor a estrela guia, ao aflito a consolação; ao doente, o repouso.
        Pai! Dai ao culpado a arrependimento; ao espírito a verdade; à criança o guia; ao órfão o pai.
        Senhor! Que vossa vontade se estenda sobre tudo o que criastes.
        Piedade, Senhor, para aqueles que vos não conhecem; esperança para aqueles que sofrem.
        Que vossa bondade permita aos Espíritos consoladores derramarem por toda parte a paz, a esperança e a fé.
        Deus! Um raio, uma faísca do vosso amor pode abrasar a Terra; deixai-nos beber nas fontes dessa bondade fecunda e infinita, e todas as lágrimas secarão, todas as dores se acalmarão. Um só coração, um só pensamento subirá até Vós, como um grito de reconhecimento e de amor. Como Moisés sobre a montanha, nós vos esperamos com os braços abertos, ó Poder! Ó Bondade! Ó Beleza! Ó Perfeição!  E queremos, de alguma sorte, alcançar vossa misericórdia. 
        Deus! Dai-nos a força de ajudar o progresso, a fim de subirmos até vós; dai-nos a caridade pura; dai-nos a fé e a razão; dai-nos a simplicidade que fará das nossas almas o espelho onde se deve refletir o Vosso iluminado Espírito.
        Que assim seja.

O Inferno à luz da Doutrina Espírita

A idéia mais comum de inferno como um determinado local, no interior da Terra, onde as almas são condenadas a viver, eternamente, em verdadeiro suplício como conseqüência dos erros cometidos, não é aceita pelo Espiritismo. De acordo com a Doutrina Espírita, o inferno é estado íntimo de espírito, ainda sintonizado com o mal, seja desencarnado ou encarnado. Mas é uma situação temporária, da qual se liberta com o progresso moral, conquistado através das encarnações. Não é uma situação permanente, irreversível.
        Pode-se argumentar que o próprio Cristo ameaçou os homens maus com o fogo eterno. Sem dúvida, se pesquisarmos nas traduções tradicionais dos textos evangélicos, encontraremos a referência de Jesus ao fogo eterno. Mas, se aprofundarmos um pouco mais no estudo, veremos que o pensamento de Jesus não é draconiano. Carlos Torres Pastorino, que era professor de grego na Universidade de Brasília, em seus estudos evangélicos, esclarece-nos que a palavra grega que adjetiva o substantivo fogo não foi adequadamente traduzida, porquanto a melhor tradução não é "eterno", mas sim "imanente". A mudança de sentido é muito grande. Imanente se refere ao estado íntimo da criatura e não tem o caráter de irreversibilidade que tem o adjetivo eterno.
        Com esta tradução, o pensamento de Jesus fica mais coerente com a sua personalidade, que exterioriza profundo amor e misericórdia.
        Como afirmamos acima, o inferno íntimo pode ser um estado do espírito encarnado, mas é pior após a desencarnação, porque o corpo material como que amortece a dor da consciência. No Mundo Espiritual, o espírito compreende melhor as leis de Deus e percebe, com mais nitidez, a gravidade dos erros cometidos, motivo por que sofre mais.
        Um outro aspecto que precisa ser ressaltado é que os espíritos endurecidos, vinculados ao mal, permanecem, por tempo mais ou menos longo, em regiões inferiores do Plano Espiritual, denominadas por André Luiz de umbral. Neste estado, o espírito sofre muito. Embora o umbral corresponda, em vários aspectos, ao inferno descrito classicamente, a permanência do espírito nessa situação é temporária e depende dele mesmo, que sairá, tanto mais rapidamente, quanto mais cedo mudar a sua situação íntima, manifestando o desejo de melhorar. Os "demônios" que se encontram naquelas regiões são espíritos de pessoas de índole má, que se recusam a melhorar-se.
        Os espíritos bons e os que não são endurecidos, após a desencarnação, habitam em colônias espirituais, onde a vida é melhor do que a da Terra. Os espíritos que se melhoram no umbral também são recolhidos a colônias, naturalmente menos evoluídas, mas onde o bem domina completamente.
        Compete, pois, à própria pessoa edificar, ou se libertar do inferno interior.

 

Fonte: Revista "Reformador"

Mãos Enferrujadas

Quando Joaquim Sucupira abandonou o corpo, depois dos sessenta anos, deixou-nos conhecidos a impressão de que subiria incontinenti aos Céus. Vivera arredado do mundo, no conforto precioso que herdara dos pais. Falava pouco, andava menos, agia nunca.
        Era visto invariavelmente em trajes impecáveis. A gravata ostentava sempre uma pérola de alto preço, pequena orquídea assinalava a lapela e o lenço, admiravelmente dobrado, caía, irrepreensível, do bolso mirim. O rosto denunciava-lhe o apurado culto às madeiras distintas. Buscava, no barbeiro cuidadoso cada manhã, renovada expressão juvenil. Os cabelos bem postos, embora escassos, cobriam-lhe o crânio com o esmero possível.
        Dizia-se cristão e, realmente, se vivia isolado, não fazia mal sequer a uma formiga. Assegurava, porém, o pavor que o possuía, ante os religiosos de todos os matizes. Detestava os padrões católicos, criticava as organizações protestantes e categorizava os espiritistas no rol dos loucos. Aceitava Jesus a seu modo, não segundo o próprio Jesus.
        As facilidades econômicas transitórias adiavam-lhe as lições benfeitoras do concurso fraterno, no campo da vida.
        Estudava, estudava, estudava...
        E cada vez mais se convencia de que as melhores diretrizes eram as dele mesmo. Afastamento individual para evitar complicações e desgostos. Admitia, sem rebuços, que assim efetuaria preparação adequada para a existência depois do sepulcro. Em vista disso, a desencarnação de homem tão cauteloso em preservar-se, passaria por viagem sem escalas com o destino à Corte Celeste.
        Dava aos familiares dinheiro suficiente para aventuras e fantasias, a fim de não ser incomodado por eles; distribuía esmolas vultuosas, para que os problemas de caridade não lhe visitassem o lar; afastava-se do mundo para não pecar. Não seria Joaquim - perguntavam amigos íntimos - o tipo religioso perfeito? Distante de todas as complicações da experiência humana, pela força da fortuna sólida que herdara dos parentes, seria impossível que não conquistasse o paraíso.
        Contudo, a responsabilidade que o defrontava agora não correspondia à expectativa geral.
        Sucupira, desencarnado, ingressava numa esfera de ação, dentro da qual parecia não ser percebido pelos grandes servidores celestiais. Via-os em movimentação brilhante, nos campos e nas cidades. Segredavam ordens divinas aos ouvidos de todas as pessoas em serviços dignos. Chegara a ver um anjo singularmente abraçado à velha cozinheira analfabeta.
        Em se aproximando, todavia, dos Mensageiros do Céu, não era por eles atendido.
        Conseguia andar, ver, ouvir, pensar. No entanto - desventurado Joaquim! - as mãos e os braços mantinham-se inertes. Semelhavam-se a antenas de mármore, irremediavelmente ligadas ao corpo espiritual. Se intentava matar a sede ou a fome, obrigava-se a cair de bruços porque não dispunha de mãos amigas que o ajudassem.
        Muito tempo suportara semelhante infortúnio, multiplicando apelos e lágrimas, quando foi conduzido por entidade caridosa a pequeno tribunal de socorro, que funcionava de tempos em tempos, nas regiões inferiores onde vivia compungido.
        O benfeitor que desempenhava ali funções de juiz, reunida a assembléia de Espíritos penitentes, declarou não contar com muito tempo, em face das obrigações que o prendiam nos círculos mais altos e que viera até ali somente para liquidar casos mais dolorosos e urgentes.
        Devotados companheiros do bem selecionavam a meia dúzia de sofredores que poderiam ser ouvidos, dentre os quais, por último, figurou Sucupira, a exibir os braços petrificados.
        Chorou, rogou, lamuriou-se. Quando pareceu disposto a fazer o relatório geral e circunstanciado da existência finda, o julgador obtemperou:
        - Não, meu amigo, não trate de sua biografia. O tempo é curto. Vamos ao que interessa.
        Examinou-o detidamente e observou, passados alguns instantes:
        - Sua maravilhosa acuidade mental demonstra que estudou muitíssimo.
        Fez pequeno intervalo e entrou a argüir:
        - Joaquim, você era casado?
  - Sim.
        - Zelava a residência?
        - Minha mulher cuida de tudo.
        - Foi pai?
       - Sim.
        - Cuidava dos filhos em pequeninos?
     - Tínhamos suficiente número de criadas e amas.
        - E quando jovens?
     - Eram naturalmente entregues aos professores.
        - Exerceu alguma profissão útil?
    - Não tinha necessidade de trabalhar para ganhar o pão.
        - Nunca sofreu dor de cabeça pelos amigos?
      - Sempre fugi, receoso, das amizades. Não queria prejudicar, nem ser prejudicado.
        O julgador interrompeu-se, refletiu longamente e prosseguiu:
        - Você adotou alguma religião?
      - Sim, eu era cristão - esclareceu Sucupira.
        - Ajudava os católicos?
  - Não. Detestava os sacerdotes.
        - Cooperava com as Igrejas reformadas?
  - De modo algum. São excessivamente intolerantes.
        - Acompanhava os espíritas?
       - Não. Temia-lhes presença.
        - Amparou doentes, em nome de Cristo?
       - A terra tem numerosos enfermeiros.
        - Auxiliou criancinhas abandonadas?
       - Há creches por toda parte.
        - Escreveu alguma página consoladora?
        - Para quê? O mundo está cheio de livros e escritores.
        - Utilizava o martelo ou o pincel?
        - Absolutamente.
        - Socorreu animais desprotegidos?
        - Não.
        - Agradava-lhe cultivar a terra?
        - Nunca.
        - Plantou árvores benfeitoras?
        - Também não.
        - Dedicou-se ao serviço de condução das águas, protegendo paisagens empobrecidas?
        Sucupira fez um gesto de desdém e informou:
        - Jamais pensei nisto.
        O instrutor indagou-lhe sobre todas as atividades dignas conhecidas no Planeta. Ao fim do interrogatório, opinou sem delongas:
        - Seu caso explica-se: você tem as mãos enferrujadas.
        Ante à careta do interlocutor amargurado, esclareceu:
        - É o talento não usado, meu amigo. Seu remédio é regressar à lição. Repita o curso terrestre.
        Joaquim, confundido, desejava mais amplas elucidações.
        O juiz, porém, sem tempo de ouvi-lo, entregou-o aos cuidados de outro companheiro.
        Rogério, carioca desencarnado, tipo 1945, recebeu-o de semblante amável e feliz, após escutar-lhe compridas lamentações, convidou, pacientemente:
        - Vamos, Sucupira. Você entrará na fila em breves dias.
        - Fila? - interrogou o infeliz, boquiaberto.
        - Sim - acrescentou o alegre ajudante -, na fila da reencarnação.
        E, puxando o paralítico pelos ombros, concluía, sorrindo:
        - O que você precisa, Joaquim é de movimentação...

 

Texto extraído da Apostila de Estudo Sistematizado
da Doutrina Espírita - ESDE - FEB

Aviso

Está sendo procurado.
         Homem considerado galileu.
         Trinta e três anos.
         Pele clara e expressão triste.
         Cabelos longos e barba maltratada.
         Marcas sanguinolentas nas mãos e nos pés.
         Caminha habitualmente acompanhado de mendigos e vagabundos, doentes e mutilados, cegos e infelizes.
         Onde aparece, frequentemente, é visto, entre grande séquito de mulheres, sendo algumas de má vida, com crianças esfarrapadas.
         Quase sempre está seguido por doze pescadores e marginais.
         Demonstra respeito para com autoridades, determinando se dê a Cesar o que é de Cesar, mas espalha ensinamentos que é contrário à Lei antiga, como sejam:
                           -  o perdão das ofensas;
                           -  o amor aos inimigos;
                           -  a oração em favor daqueles que nos perseguem ou caluniam;
                           -  a distribuição indiscriminada de dádivas com os necessitados;
                           -  o amparo aos enfermos, sejam eles quais forem;
                           -  e chega ao cúmulo de recomendar que uma pessoa espancada numa face ofereça a outra ao agressor.
         Ainda não se sabe se é um mágico, mas testemunhas idôneas afirmam que ele multiplicou cinco pães e dois peixes em alimentação para mais de cinco mil pessoas, tendo sobrado doze cestos.
         Considerado impostor por haver trazido pessoas mortas à vida, foi preso e espancado.
         Setenciado à morte, com absoluta aprovação do próprio povo, que o condenou, de preferência à Barrabás, malfeitor conhecido, recebeu insultos e pedradas, sem reclamar, quando conduzia a cruz às costas. Não se ofendeu, quando questionado pela Justiça, complicando-se-lhe a situação, porque seus próprios seguidores o abandonaram nas horas difíceis. Sob afrontas e zombarias, foi crucificado entre dois ladrões.
         Não teve parentes que lhe demonstrassem solidariedade, a não ser sua Mãe, uma frágil mulher que chorava aos pés da cruz.
         Depois de morto, não se encontrou lugar para sepultá-lo, senão doloroso recanto de túmulo por favor de um amigo.
         Após o terceiro dia do sepultamento, desapareceu do sepulcro e já foi visto por diversas pessoas que o identificaram  pelas chagas sangrentas dos pés e das mãos.
         Esse homem que está sendo cuidadosamante procurado.
         Seu nome é Jesus de Nazaré.
         Se puderes encontrá-lo, deves segui-lo para sempre.

 

Maria Dolores

psicografado por Francisco C. Xavier - Grupo Espírita "Os Mensageiros"

O Grande Servidor

"Sim, estou entre vós como quem serve."
Jesus (Lucas 22:27)

 

         Sim, o Cristo não passou entre os homens como quem impõe.
         Nem como quem determina.
         Nem como quem governa.
         Nem como quem manda.
         Caminhou na Terra à feição de servidor.
         Legou-nos o Evangelho da Vida, escrevendo-lhe a epopéia no coração das criaturas.
         Mestre, tomou o próprio coração para sua cátedra.
         Enviado Celestial, não se detém num trono terrestre e aproxima-se da multidão para auxiliá-la.
         Fundador da Boa Nova, não se limita a tecer-lhe a coroa com palavras estudadas, mas estende-a  e consolida-lhe os valores com as próprias mãos.
         A prática é seu modo de convencer.
         O próprio sacrifício é o seu método de transformar.
         Aprendamos com o Divino Mestre a ciência da renovação pelo bem, elevando pessoas e melhorando situações, é servir sempre como quem sabe e fazer é o melhor processo de aconselhar.

Emmanuel
psicografado por Francisco C. Xavier - Grupo Espírita "Os Mensageiros"

O Passe

"Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e
levou as nossas doenças" - Mateus, 8:17

 

          Meu amigo, o passe é transmissão de energias fisio-psíquicas, operação de boa vontade, dentro da qual o companheiro do bem cede de si mesmo em teu benefício.
          Se a moléstia, tristeza e amargura são remanescentes de nossas imperfeições, enganos e excessos, importa considerar que, no serviço do passe, as tuas melhoras resultam da troca de elementos vivos e atuantes.
          Trazes detritos e aflições e alguém te confere recursos novos e bálsamos reconfortantes.
          No clima da prova e da angústia, és portador da necessidade e do sofrimento.
          Na esfera da prece e do amor, um amigo se converte no instrumento da Infinita Bondade, para que recebas remédio e assistência.
          Ajuda o trabalho de socorro a ti mesmo com o esforço da limpeza interna.
          Esquece os males que te apoquentam, desculpa as ofensas de criaturas que não te compreendem, foge ao desânimo destrutivo e enche-te de simpatia e entendimento para com todos que te cercam.
          O mal é sempre a ignorância e a ignorância reclama perdão e auxílio para que se desfaça, em favor da nossa própria tranquilidade.
          Se pretendes, pois, guardar  as vantagens do passe que, em substância, é ato sublime de fraternidade cristã, purifica o sentimento e o raciocínio, o coração e o cérebro.
          Ninguém deita alimento indispensável em vaso impuro.
          Não abuse, sobretudo, daqueles que te auxiliam.
          Não tomes o lugar do verdadeiro necessitado, tão só porque os teus caprichos e melindres pessoais estejam feridos.
          O passe exprime também o gasto de forças e não deves provocar o dispêndio de energias do Alto, com infantilidades e ninharias.
          Se necessitas de semelhante intervenção, recolhe-te à boa vontade, centraliza a tua expectativa nas fontes celestes do suprimento divino, humilha-te, conservando a receptividade edificante, inflama o teu coração na confiança positiva e, recordando que alguém vai arcar com o peso de tuas aflições, retifica o teu caminho, considerando igualmente o sacrifício incessante de Jesus por nós todos, porque, de conformidade com as letras sagradas "Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e levou as nossas doenças"

Emmanuel - Psicografado por Chico Xavier
Folheto de Distribuição da FEESP