quarta-feira, 12 de maio de 2010

Ante os que partiram

   É possível que nenhum sofrimento na Terra seja comparável ao daquele coração que se debruça sobre outro coração enregelado e querido que o ataúde transporta para o grande silêncio.
   Ver a névoa da morte estampar-se, inevitável, na fisionomia daqueles que mais amamos, e cerrar-lhes os olhos no adeus indescritível, é como despedaçar a própria alma e prosseguir vivendo.
   Digam aqueles que já apertaram contra o peito o corpo inerte de um ser amado, consumidos pela dor e pela angústia da separação.
Falem aqueles que, varados de saudade, inclinaram-se, esmagados de solidão, à frente de um túmulo, perguntando em vão pela presença dos que partiram.
   Todavia, quando semelhante provação te bater à porta, reprime o desespero e dilui a corrente de mágoa, na fonte viva da oração, porque os chamados mortos são apenas ausentes e as gotas de teu pranto amargo e revoltado lhes fustigam a alma.
   Também eles pensam e lutam, sentem e choram.
   Atravessaram a faixa do sepulcro como quem se desvencilha da noite, mas, na madrugada do novo dia, inquietam-se pelos que ficaram.
   Ouvem-lhes as lamúrias e as súplicas e sofrem cada vez que os afetos deste plano da vida se rendem à inconformação ou ao desânimo.
   Lamentam-se pelos erros praticados e trabalham, com afinco, na regeneração que lhes diz respeito.
   Estimulam-te à prática do bem, compartilhando contigo de dores e de alegrias.
   Rejubilam-se com tuas vitórias e consolam-te nas horas amargas, para que não te percas no frio do desencanto.
   Tranquiliza, desse modo, aqueles que te antecederam no regresso à pátria espiritual, suportando corajosamente a despedida temporária, e honra-lhes a memória, abraçando com nobreza os deveres que te legaram.
   Recorda que, em futuro mais próximo que imaginas, respirarás entre eles, dividindo outra vez necessidades e problemas, porque terminarás tu também a própria viagem no mar das provas redentoras.
   Para e pensa, pois, nessas questões.
   Não obstante a morte imponha amargura e dor, frustração e lágrimas naqueles que ficam, vale a pena permaneças vigilante, a fim de evitar excessos que te impeçam de pensar com clareza.
   A morte não é o fim absoluto da querida convivência dos que se prezam, dos que se amam.
   Cultiva, então, o bom senso.
   Sofre e chora, sem que o teu sofrimento perturbe os outros, sem que tuas lágrimas tragam desequilíbrio para tua intimidade.
Retira o bom aproveitamento do padecer, amadurecendo, superando-te, para que as tuas provações ou expiações humanas, de fato, façam-te avançar para Deus.
* * *
   Chora teus mortos?
   Então faze desse pranto um aceno de ternura e um bilhete de paz, onde tu digas aos amores desencarnados:
Permitiu Deus que te libertasses antes de mim, e eu disso queixo-me por egoísmo, porque preferiria ver-te ainda sujeito às penas e sofrimentos da vida.
   Espero, pois, resignado, o momento de nos reunirmos de novo no mundo mais venturoso no qual me precedeste.
Até breve e que Deus te abençoe, ser querido!

 

Redação do Momento Espírita, com base no capítulo 29 do livro Revelações da luz, pelo Espírito Camilo, psicografia de J. Raul Teixeira, ed. Fráter e no cap. Ante os que partiram, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb

 

Fonte: Enviada por e-mail pelo amigo - Luciano Munari Mattos

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